sexta-feira, 13 de junho de 2014

São Basílio _ Homilia contra os ricos (MG 31,287)

São Basílio Magno 




Homilia contra os ricos (MG 31,287)

O que você responderá o juiz, você que reveste as paredes e deixa nu o homem; você que enfeita os cavalos e não vê seu irmão em farrapos; você que deixa que apodreça o trigo e não alimenta os famintos; você que enterra o ouro e despreza o oprimido?

E se você tiver em casa uma mulher que também goste das riquezas, o mal é duplo. A mulher, neste caso, estimula os prazeres, acrescenta-lhes o amor, crava os aguilhões dos desejos fúteis, pois ostenta certas pedras como pérolas, esmeraldas e jacintos; utiliza o ouro para tudo, juntando ao mal o mau gosto. Sua ânsia por estas coisas não é alguma coisa esporádica, mas sim contínua - pensa nelas dia e noite. Imediatamente, um enxame de aduladores, que elogiam seus desejos, reúne os ourives, os fabricantes de perfumes, os donos de lojas e decoradores. Com suas ordens contantes, a mulher não deixa ao marido tempo para respirar. Não há riqueza que seja suficiente, quando posta a serviço dos caprichos femininos, mesmo que fluísse dos rios.

Elas pedem um perfume de um país longínquo como se fosse óleo do mercado; pedem flores marinhas, conchas e pinhas mais do que lãs e ovelhas. O ouro, encrustado em pedras preciosas, serve-lhes de enfeite no pescoço, nos cinturões; correntes de ouro atam suas mãos e seus pés. É que as mulheres, amantes do ouro, gostam de ter suas mãos atadas, desde que seja ouro, que as prenda.

Quando, pois, poderá cuidar um pouco da alma quem é escravo dos caprichos femininos? As tempestades e a agitação do mar põem a pique as naus podres: assim também as más tendências ou caprichos das mulheres afundam as almas fracas dos maridos.

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